segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Análise QD: Multiversidade: PAX AMERICANA

       Quando um escritor é muito bom no que faz, muitas vezes ele se torna pretensioso. E quando dois escritores pretensiosos tem idéias opostas, então aí já viu.
       Eu sei, isso aqui não deveria ser uma resenha de multiversidade? Sim, e é por isso que preciso deixar vocês a par da situação. 
      Todos conhecem o excelentíssimo Allan Moore, certo? Aquele que criou o Hellblazer, V de Vingança e Watchmen?

        Então, ele e o Grant Morrison entraram na DC na mesma época, isso pode ter gerado um pouco de conflito para esses cabeças duras, e a disputa entre eles só cresceu ao longo dos anos. Então, agora que vocês já sabem da fofoca, vamos começar a Análise.



       Pax Americana além de muitas coisas pode ser vista como uma revisitação à Watchmen. Quando a CHARLTON COMICS faliu em 86, a DC decidiu que compraria vários de seus personagens. Essa idéia surgiu a partir de um pedido de Allan Moore para usar alguns dos personagens da antiga editora em seu novo projeto, como o projeto prometia muito sucesso os então engravatados da DC decidiram adquirir os personagens originais. E são esses personagens originais que vemos em Pax Americana. Ou pelo menos boa parte deles. A maior parte da equipe teve apenas alguns desvios de personalidades, retoques nas origens aqui e alí, mas sempre tem quele completamente reformulado.  
       Allan Moore deu muito de sua criatividade reformulando o Capitão Átomo, de seus esforços nasceu o Dr. Manhatthan, muito mais poderoso e complexo que seu original, e Grant Morrison não podia usar nada que fosse tão "assinado" assim. No lugar de Jon Osterman, o Manhatthan. Morrison decidiu criar o seu próprio deus. de novo modificando completamente as raízes dos dois outros personagens antecessores. 



        Outra trama abordada na história, é o algorítimo 8. Vic Sage explica que "Enquanto crescem as sociedades, assim como indivíduos, passam por estágios idênticos de desenvolvimento. Tudo se resume em um sistema codificado por cores em oito estágios", ele então começa a filosofar sobre o primeiro estágio de cor ser o bege, que remete à infância, como se fosse algo recém nascido.



Uma interpretação à essa explicação, seria um ciclo da vida- que por sinal é infinito o que nos remete à curva de móbius que Adam cita. Uma curva de móbius é o princípio que popularizou a ideia de 8 como infinito, ela representa um caminho sem fim nem início onde se pode percorrer toda a superfície da fita.-. Mas não aplicaremos isso à um indivíduo qualquer; como a multiversidade veio como um apocalipse que contribuiu para a destruição de vários mundos, o algorítimo 8 vem como o ciclo que explica o nascimento até a morte de cada terra.

Obs: é possível notar que o algorítimo aparece sempre relacionado à morte. Como se fosse a deixa para o ciclo recomeçar.

 Depois do Bege vemos o púrpura, equivalente ao pensamento mágico, que sabemos também ser uma fase histórica, com a alquimia e a queima às bruxas... Vemos que cada terra na multiversidade vem acompanhada de uma Era diferente. Já vimos os anos 20 com a Sociedade dos Super Heróis Conquistadores do Mundo Oposto, um futuro distópico feito de legados de Super Heróis em Os Justos... sempre realidades em tempos diferentes umas das outras, e se observarmos bem poderemos encaixar as próximas edições em outras cores do algorítimo. As 8 dimensões ou oito cores do espectro são estágios relacionados ao tempo por onde os mundos se encontram.

Em um dos balões ele diz "[...]se chegarmos tão longe". Essa fala pode contribuir para nossa teoria uma vez que estamos vendo a escala das 8 cores como linear I____________I___________I, a mudança de uma cor a outra não deixa se ser vista como uma evolução.

Além de todas as teorias existenciais, o que torna a revista de difícil entendimento é o fato de Allen Adam transitar livremente -e sem legenda- pelo futuro, passado e presente. Ele brinca com a história de um leitor de quadrinhos ter esse mesmo poder. Nós podemos ir ao futuro e ao passado virando nossas páginas. Nós podemos andar livremente pelo algorítimo.


     Uma das criticas pensadas para essa edição é sobre a visão que nós leitores temos de outros universos, encaramos a leitura de quadrinhos como uma ação simplória, feita unicamente para o entretenimento. Porém, a multiversidade se trata justamente de universos paralelos. O que acontece em uma leitura, em uma história fictícia no nosso mundo, pode se tornar uma realidade estável em outro lugar. Vemos alguns mundos como bidimensionais, e quem não garante que alguém nos vê assim também?
É interessante a reflexão a cerca dos personagens, Adam diz que eles não sabem que estão sendo observados, por isso seus pensamentos são tão espontâneos. Morrison brinca com o fato de estarmos sendo observadores e observado e alí ele põe um personagem para nos julgar, para sabermos como ele se sente sendo visto de forma tão nua e transparente, nos faz provar do nosso próprio remédio.


Nota:

Fuck yeah!
Awesome!
Nice.
OK.
Tem que benzer.

E por isso a nota de Multiversidade: PAX AMERICANA é...



AWESOME!


A revista começa com o Pacificador, personagem que deu origem ao Comediante, assassinando o presidente dos Estados Unidos - Podemos ver que as referências não param em Watchmen, a recém criada versão de um passado desses super heróis também foi usada, em Comediante Before Watchmen a trama gira em torno dos motivos e da execução do presidente Kennedy pelo Comediante.-. o que é uma grande incógnita, pois além de ter o nome de "pacificador", ele era o guarda costas do presidente.
Então surgem questionamentos sobre a nova comoção mundial, sobre como a ideologia das pessoas muda ao longo dos tempos,  como heróis viram vilões e vice versa e como a sociedade se encontra em uma fase complicada de provação ética.



E as referências sobre Ultra Comics não param. O que fazer quando um ser onipotente se encontra abismado com a formatação, conteúdo, singularidade de uma revista em quadrinhos?

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